segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O inferno zapatista

Em visita a algumas comunidades a caravana dos zapatistas La outra Campaña que percorri desde 2006 os estados do México alertaram o mundo está semana com notícias tristes e desagradáveis. Como era de se esperar o governo mexicano colocou seu exército e a polícia local para importunar mais uma vez a vida dos indígenas mexicanos: ameaçando a população de morte, assédio e despejo das terras alojadas.
Como sempre o governo federal persegue esse povo que não quer nada além dos seus direitos como cidadão; uma constituição que valorize sua cultura, sua língua e seus costumes e principalmente que sejam tratados como qualquer outro cidadão mexicano. Um povo maltratado, perseguido e explorado pelos brancos europeus e pelo governo do seu próprio país que insiste em enxergá-los como ratos. Acho que é essa a palavra para classificar a forma como o mundo trata o povo oprimido seja índio ou negro.
Em 1996 o governo assinou os Acordos de San Andrés junto com o movimento zapatista representado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional, no qual, o governo mexicano se comprometeu em cumprir e reconhecer a Constituição Federal, assegurando, entre outras coisas o acesso à saúde, educação e moradias dignas. Quem acompanha as barbaridades que o governo mexicano faz com os indígenas sabe que o mesmo não cumpriu com absolutamente nada do que foi acordado. Fora outros acordos que tiveram o mesmo fim.
Todos os movimentos que tem como objetivo lutar por melhorias, contra a desigualdade, seja em qual âmbito for, deveriam seguir o exemplo da conduta forte e decidida dos zapatistas. O lema deles é utilizar a força das palavras ao invés das armas. Passaram dez anos na clandestinidade se preparando para se apresentarem ao mundo e dizerem a que veio. E disseram quando invadiram varias cidades do México ao mesmo tempo, encapuzados e com um ofício dizendo quem eram e o que queriam. Nossa! Só de pensar dá vontade de ter estado lá para ver a cara dos que assistiam ao espetáculo que os zapatistas deram na noite do dia 1 de janeiro de 1994.
Ninguém deve ter ouvido falar no mundo de um movimento tão organizado e forte como o movimento zapatista. Essa força é tão real que eles possuem seu próprio governo, construíram caracóis, (municípios autônomos que além da moradia serve como ponto de encontro para que eles possam expandir suas idéias ao mundo).
São inteligentes nas suas estratégias e decisões, publicando tudo o que acontece no seu território, as invasões dos militares do governo, suas opiniões e ideais. Diferentemente do governo que só publica notícias falsas, dizendo que estão se prontificando a um acordo de paz e os EZLN não querem aceitar. Enfim, aqueles discursos que os representantes de países, sejam sub ou desenvolvidos, dão quando estão com a “corda no pescoço” e não tem mais justificativa para explicar o que está bastante claro em nossa mente: eles não querem colaborar. Não querem dar o que é de direito de qualquer ser humano: cidadania, saúde, educação e comida. O básico para que um indivíduo que habita no planeta Terra possa manter-se para sobreviver.
A política neoliberal do governo mexicano agrava a repressão contra a população zapatista que esperam ter de volta as terras desalojadas com a invasão militar. Todos nós deveríamos apoiar esse movimento que revolucionou e caracterizou um nova era de oprimidos que na minha opinião está cada vez mais aumentando sua força popular. O geógrafo Ariovaldo Umbelino em um dos seus artigos diz que “a maioria da humanidade está excluída da repartição da riqueza do mundo, por isso ela se levanta em luta em muitas partes do mundo.”
Somos obrigados a concordar com ele, pois, vemos a todo o momento nos meios de comunicação milhares de pessoas morrendo de fome, o índice de corrupção crescendo estupidamente não só nos países desenvolvidos. A discrepância na distribuição do capital; no final do mês, a minoria fica com a maioria do dinheiro. Chamo de minoria a classe burguesa que perde neste caso para a maioria que são os servos, os escravos, os índios, os favelados, os indigentes, os sem futuro, os zapatistas, o MST. Termos que utilizamos para classificar a população pobre, desiludida que lutam até a morte por um futuro melhor para sua família.
Esse movimento visa não só seus direitos, cultura indígena e reforma agrária e sim uma verdadeira reforma na sociedade. Falo de transformações profundas, que dê jeito, ou que pelo menos diminuía as necessidades do povo. “Democracia, liberdade e justiça” para o México. Vivam os Zapatistas! Viva o EZLN! Digam Ya Basta para a corrupção, a fome, a miséria, o desrespeito, ao desemprego. Ya Basta!

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